segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ach Brito

Este artigo aparece em consequência duma conversa de almoço entre os meus amigos. Ao nos relembrarmos do que existia nas casas de banho dos nossos pais, demos conta que alguns dos produtos eram da Ach Brito. Sendo que, mesmo nós, ainda os temos nas nossas casas. Aqui fica um pouco da história dessa marca.



Fundada em 1918, a história da Ach Brito remonta a 1887, ano em que foi fundada no Porto a primeira fábrica nacional de sabonetes, a então Claus & Schweder.

Numa época em que os sabonetes e os perfumes estavam apenas ao alcance das classes sociais mais abastadas e arredios do quotidiano da sociedade portuguesa, Ferdinand Claus e Georges Ph. Schweder – dois alemães radicados em Portugal – dão mostras de um corajoso empreendedorismo e fundam, no Porto, a primeira fábrica nacional de sabonetes e perfumes, baptizada de Claus & Schweder.

Com um arrojo conservador, os produtos são comercializados sob a marca “FPC - Fábrica de Productos Chimicos Claus & Schweder, Sucrs”, o que lhes permitiu, por um lado, estimular o mito de que os artigos eram de origem estrangeira e, por outro, respeitar os gostos e expectativas que caracterizavam a mais elevada estirpe social, habituada a consumir produtos de higiene importados.

Com rótulos sugestivamente estrangeiros, mas genuinamente nacionais, surgem então no mercado várias linhas de produtos que paulatinamente se foram integrando pela qualidade nos hábitos dos portugueses, ganhando grande popularidade ao ponto da empresa ter sido honrada com a visita do REI de Portugal, D. Manuel II.


A Claus & Schweder, fundada por dois alemães radicados em Portugal, acabou por fechar em 1914. Quatro anos mais tarde, em 1918, o antigo contabilista desta empresa, o português Achilles de Brito, juntamente com o irmão Affonso, decidem criar uma nova empresa no mesmo ramo de actividade, a Ach Brito. Em 1925, a Ach Brito adquire em leilão todo o património e acervo da Claus & Schweder e assim se dá início à marca Claus Porto que, juntamente com novas marcas (Lavanda, Patti, Musgo Real...), criam o riquíssimo e genuíno portfolio desta empresa única.

1934 - O espólio dourado de prémios

Após ter sido galardoada com medalhas de ouro em eventos internacionais realizados na Europa e Estados Unidos, o reconhecimento da Ach Brito garante-lhe presença na I Exposição Colonial Portuguesa, em 1934, o primeiro grande evento de dimensão nacional que se propunha mostrar Portugal como uma nação colonial imperial, una e indivisível. 



No portfólio de prémios da Claus & Schweder até então, faziam já parte a Medalha de Ouro recebida na Exposição Industrial, realizada no Porto, em 1897, a Gold Medal atribuída na Universal Exposition Saint Louis (EUA), em 1899, a Medalha de Ouro conquistada na Exposição Internacional de Higiene, Ofícios Y Manufacturas de Madrid, em 1907, e a Medalha de Ouro outorgada pela Sociedade de Geographia de Lisboa, em 1915. Onze anos mais tarde, a Ach Brito recebe o Diploma de Grand Prix, na Exposição Industrial Portugueza, no Porto, e três anos depois junta ao pódio dourado de prémios a Medalha de Prata, resultante da participação, no Estoril, na Feira de Amostras da Industria Nacional, da Associação Industrial Portugueza.

1953 – Rótulos pintados à mão como estratégia de diferenciação 



É com uma visão integrada do negócio e numa clara estratégia de diferenciação que, em 1953, a Ach Brito cria nas suas próprias instalações uma litografia, passando a assumir o controlo de todo o processo, desde o fabrico, à rotulagem e ao próprio acondicionamento dos produtos. E se este facto não fosse suficientemente inovador, os mentores da Ach Brito incutiram-lhe ainda um argumento personalizado e individual ao implementar rótulos pintados à mão, que conferiam aos produtos um carácter altamente distintivo e apelativo no mercado da perfumaria.

1994 – A paixão que resultou em casamento

O surgimento da distribuição moderna, nos anos 80, conduziu ao estrangulamento da Ach Brito. Em 1994 os bisnetos de Achilles de Brito, os irmãos Aquiles e Sónia Brito, passam a liderar a empresa e encetam um novo e auspicioso ciclo. A 4ª geração da família principia uma reestruturação da empresa ao nível dos recursos humanos e da produção e aposta no reposicionamento do portfólio de produtos.

A parceria com a empresa americana Lafco NY é o ponto de viragem que sentencia um novo fôlego na vida da Ach Brito. Este “casamento”, que surgiu da paixão irremediável de Jonathan Bresler, proprietário da importadora americana, pelas características únicas dos produtos da Ach Brito reposiciona a marca Claus Porto, que invade o mercado de luxo dos Estados Unidos da América, Canadá e Inglaterra com o design antigo e único dos rótulos de inspiração vintage e conquista os gostos pela qualidade excepcional dos seus produtos.

Atendendo às elevadas expectativas e exigências do mercado internacional de luxo, a Claus Porto lança em 1995 as suas primeiras linhas de produtos exclusivos, que granjeam desde logo uma excepcional aceitação.
 

2002 – Hastear a bandeira dos valores “Claus Porto” em novos mercados

O início do milénio traz uma nova forma de estar e de olhar os mercados internacionais. Atenta aos novos desígnios, a empresa aposta numa corajosa estratégia de internacionalização da Claus Porto, partindo à conquista de novos mercados com um conceito único de marca exclusiva.

O novo posicionamento dita a selecção cirúrgica das melhores lojas de decoração e de design do mundo, colocando a oferta da Claus Porto num invejável patamar de luxo. A autenticidade, a exclusividade, o luxo e a tradição passam a ser sinónimos da Claus Porto, que hasteia no roteiro das principais feiras internacionais a bandeira da qualidade e da distinção.

A participação nos certames internacionais marca também a estratégia de marketing da empresa, que, com inovação e afirmação requintada, procura novos clientes em novos mercados espalhando pelos quatro cantos do mundo a sedução dos melhores produtos, que ostentam o selo do “savoir faire” da marca.
 

2008 – Ganhar dimensão para os desafios do futuro



Para começar 2009 com um novo fôlego e fazer face a novos desafios, a Ach Brito adquire a 31 de Dezembro de 2008 a empresa Saboaria e Perfumaria Confiança SA, sua rival há mais de 100 anos no mercado nacional. As duas mais antigas fábricas de sabonetes da Península Ibérica fundem-se e a Ach Brito ganha assim uma maior dimensão e diversifica os produtos e os mercados.
 

Retirado do facebook da Ach Brito 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Primeiras edições autografadas de obras de Fernando Pessoa em leilão.


Publicado um ano antes da morte de Pessoa (1888-1935) pela Parceria António Maria Pereira e por ele descrito como um "livro pequeno de poemas", "Mensagem" é composto por 44 poemas, o mais conhecido dos quais é "Mar Português".
Valeu ao autor o Prémio Antero de Quental, na categoria de "poema ou poesia solta", do Secretariado da Propaganda Nacional, no ano em que foi publicado.
"35 Sonnets" é um dos dois livros em inglês dados à estampa por Fernando Pessoa em 1918, publicado pela editora Monteiro & Co. e com direito a resenha com destaque no diário britânico The Times.
As obras levadas a leilão -- que se realiza em parceria com a Escola de Música do Conservatório Nacional -- estarão em exposição prévia a partir desta quinta-feira, 26 de janeiro, nas instalações da leiloeira, e a inauguração contará com um concerto de piano e voz organizado por essa instituição de ensino.
No leilão, que se inicia às 21:30, serão igualmente licitadas várias serigrafias de Cargaleiro, Menez e Júlio Pomar e ainda alguns instrumentos musicais, entre os quais um piano quarto-de-cauda ED.Seiler.

Nota: Serão leiloadas a 31 de janeiro pela Leiria & Nascimento.

Histórica Livraria Portugal vai encerrar.


A Livraria Portugal, a funcionar há sete décadas na Rua do Carmo, no Chiado, em Lisboa, vai encerrar devido à quebra nas vendas, revelou um dos sócios, António Machado. A histórica livraria, que faria 71 anos em Maio, chegou a ter 50 funcionários, restando hoje cerca de uma dezena.
A livraria é propriedade da Dias & Andrade Lda, que deverá ceder o espaço a outro negócio dentro de dois meses. António Machado, que trabalha na Livraria Portugal há 40 anos, afirmou que a situação começou a tornar-se "insustentável com as grandes alterações no mercado livreiro, a quebra das vendas e a insuficiência de meios para pagar as despesas".

"Os livros vendem-se hoje em todo o lado: nas grandes superfícies, na Internet, nos correios, a preços e com condições que não podemos acompanhar", referiu o livreiro, citado pela Lusa. Dado o agravamento da situação económica, e após os maus resultados nas vendas durante o período do Natal, os sócios decidiram há poucos dias, em reunião da assembleia geral, ceder o espaço a outra empresa.

A Livraria Portugal é uma livraria generalista, que vende desde romances e livros técnicos a dicionários. Com dois pisos no centro histórico de Lisboa, o espaço foi frequentado por escritores portugueses de renome como Fernando Namora, Aquilino Ribeiro e Jaime Cortesão.

"O que me dói mais é que contactámos livreiros para tentar deixar este espaço a quem continue no mesmo negócio, mas nenhum se mostrou interessado", lamentou António Machado.

Os funcionários serão indemnizados, mas a empresa não irá ser dissolvida, mantendo em sua posse o nome registado de Livraria Portugal.

Artigo retirado do jornal "Público".

Nota: E Portugal fica mais pobre...

Chow Hon Lam - Crazy Ilustrations


Chow Hon Lam aka Flying Mouse, a tee shirt designer/illustrator from Malaysia. Chow just completed his personal project called Flying Mouse 365, which is create 1 design a day, 365 designs a year.

Chow currently working and collaboration with some clients like AirAsia, Nike, Lotus F1, MARTELL VSOP, KLUE, and Dave Matthews Band. He hope his designs can bring some smile to the world. 

Retirado de: http://www.stumbleupon.com/su/8Mh34Y/blog.pokkisam.com/content/crazy-illustrations-chow-hon-lam 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cais do Ginjal - Romeu Correia


"...O retiro do Luís dos Galos estava muito afreguesado. Mesas colocadas no cais como era uso no Verão. Os almoços de domingo eram sempre mais demorados, com os convivas em arrastadas conversas e discussões. Já havia guitarras e violas sobre mesas e cadeiras, esperando a vez de serem dedilhadas. Entrei e dirigi-me à cozinha, onde a tia Emilia preparava os petiscos. Ela sorriu-me e perguntou-me:
- Já arranjaste trabalho?
- Ainda não, tia Emilia. Só para a semana volto à doca para saber a resposta.
- Deus queira, rapazinho.
- Isto está cada vez pior... - resmunguei.
Perto de nós, uma voz, rouca e irónica, meteu o bedelho na conversa.
- Quem está aí a dizer mal do nosso homem providencial?
Volto-me, assustado, acreditando mais uma vez no Porfírio, mas esbarro com o Carlos Pitocero. O velho riu-se, fraterno, pousando a palma da mão sobre o meu ombro:
- É belo e reconfortante ouvir um jovem descrer da receita milagreira do tirano. Os velhos depositam as melhores esperanças na ressureição deste desgraçado povo. E cabe a vocês, com o sangue na guelra, descer à rua e lutar, lutar sem dar tréguas ao passado caquético e bolorento!..."

retirado de: Cais do Ginjal - Romeu Correia - Editorial Notícias



Recomendo ainda as obras: "Trapo Azul", "Sábado sem sol" e "Calamento".

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Bayard e a fábrica de rebuçados.

Quando metade da redação da Time Out começou a tossir, Mariana Correia de Barros lembrou-se da cura tradicional. E foi até à Amadora, conhecer a fábrica dos rebuçados peitorais portugueses. 


A história dos rebuçados do Dr. Bayard dava um filme. Com direito a cenas de suspense e tudo. E esta era uma daquelas que encheria os portugueses de orgulho. É que o nome engana, mas os peitorais (assim chamados por quem os fabrica) são portugueses da silva. Apesar do nome muito francês. Mas vamos por partes. Tudo começou nos anos 40, quando Álvaro Matias, um jovem de Vale da Mula, na Guarda, veio para Lisboa à procura de trabalho. Encontrou-o numa mercearia da cidade que, como era hábito na altura, fazia entregas ao domicílio.
Feliz coincidência, o jovem acabou por ser destacado para fazer entregas em casa de um tal Bayard, um senhor francês (ninguém sabe se era mesmo doutor) refugiado em Portugal. E eis que, em tempo de racionamento, Álvaro tratava de fazer chegar ao francês mais do que lhe era permitido. “Um bocado às escondidas do patrão”, conta o filho, José António.
Tornaram-se amigos. Visitavam--se com frequência e Álvaro fazia de cicerone ao francês nos passeios pela cidade. Quando este quis voltar para França percebeu que já não tinha dinheiro para o bilhete. “O meu pai ajudou-o e como prova de agradecimento recebeu uma caixa de rebuçados, metálica, com uma fórmula dentro.” Além das pastilhas, Bayard prometeu vir buscar o português para uma nova vida lá fora.

Mas quis o destino que esse dia nunca chegasse. Os anos passaram, Álvaro trocou a mercearia por uma leitaria, casou-se e, no ano em que nasceu a primeira filha, 1949, decidiu experimentar a receita. Mesmo sem perceber nada do assunto. “Fazia a mistura num tacho em casa e a minha mãe embrulhava. Eram poucos quilos por dia, claro.” Quando os filhos cresceram, entraram também nesta espécie de linha de montagem artesanal. “Nós e os nossos vizinhos.” Só que tantos anos a fazer pontos de rebuçado começaram a cansar Álvaro Matias.
“Ou tornava o Dr. Bayard num negócio a sério, ou arranjava outra coisa.”Mais uma vez, um acaso resolveu-lhe o dilema. “Foi para Itália com uns amigos ver um jogo de futebol e acabou por ir visitar umas fábricas de doces.” Fez contactos, importou algumas máquinas e deu início à primeira fábrica de rebuçados. “No quintal de nossa casa.”Estávamos nos anos 70 e a família Matias, sempre sob o nome de Dr. Bayard, ganhava nome no mercado. Os rebuçados, feitos com açúcar, mel, glucose e um xarope de plantas medicinais que lhes dá um paladar característico associavam--se à cura da tosse. Mesmo não havendo nenhuma teoria científica que o comprove, a verdade é que quase só se vendem entre os meses de Setembro e Abril.
Hoje, já vão na terceira leva de máquinas industriais. Cada vez mais eficientes. A fábrica trabalha de segunda a sexta, com uma produção média de quatro mil quilos de massa por dia. E isso significa nada mais nada menos do que 640 mil rebuçados. “Já só fabricamos este produto, mas temos 14 marcas registadas. Uns torrões de leite, uns rebuçados com bonecos do clube de futebol e outros de mentol. Uma ou duas vezes por ano fabricamos os de mentol, mas só mesmo em edições especiais.”Os tradicionais, aqueles que todos comemos durante a infância, ainda são vendidos à unidade em mercearias antigas e em grandes doses, nos hipermercados.
Do Dr. Bayard é que nunca mais ninguém ouviu falar. E já lá vão 62 anos.
terça-feira, 25 de Janeiro de 2011

Nota: Enviado por "mail" por um amigo.