segunda-feira, 29 de outubro de 2012

23.ª edição da Amadora BD - Evento a não perder.




A 23.ª edição da Amadora BD, encontro internacional de banda desenhada, que terá, este ano, como tema «Autobiografia», decorrerá entre os dias 26 de outubro e 11 de novembro no Fórum Luís de Camões, na Amadora. O programa contará com a participação de autores nacionais e estrangeiros, e haverá, além de debates e colóquios, sessões de autógrafos, exposições, uma feira do livro, espetáculos musicais e animação infantil.

domingo, 28 de outubro de 2012

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Somos a primeira pessoa do plural



Estamos tão perto uns dos outros. Somos contemporâneos, podemos juntar-nos na mesma frase, conjugarmo-nos no mesmo verbo e, no entanto, carregamos um invisível que nos afasta. Ouvimos os vizinhos de cima a arrastarem cadeiras, a atravessarem o corredor com sapatos de salto alto, a sua roupa molhada pinga sobre a nossa roupa a secar; ouvimos a voz dos vizinhos de baixo, dão gargalhadas, a nossa roupa molhada pinga sobre a roupa deles a secar; cheiramos as torradas dos vizinhos do lado, ouvimo-los a chamar o elevador e, no entanto, o nosso maior problema não é apenas não nos reconhecermos na rua. O nosso problema grande é estarmos convencidos que os problemas deles não nos dizem respeito. A nossa tragédia é acharmos que não temos nada a ver com isso.
 Há três ou quatro anos, caminhava com um conhecido no aeroporto. De repente, ouviu-se um estalido. Ele agarrou-se ao peito com as duas mãos, caiu de joelhos e, pálido, esperou por morrer. Não morreu. Tinha-lhe rebentado um isqueiro no bolso da camisa. Aliviado, encostado a um balcão, a beber um copo de água, explicou que esse ardor repentino e esse susto pareceram-lhe um ataque cardíaco. Nunca tinha tido um ataque cardíaco antes, por isso confiou em descrições vagas, a que nunca tinha realmente prestado muita atenção. 
 Há alguns anos também, talvez um pouco mais do que três ou quatro, tinha acabado de participar num jantar cordial, reconfortante. Toda a gente estava bem disposta, à porta dos anfitriões, longa despedida, graças, à espera de táxi. De repente, tocou o telefone de um senhor com quem tinha estado a conversar durante todo o serão. Ninguém reparou nesse telefonema até ao momento em que o senhor começou a chorar convulsivamente. Ficámos todos a olhar sem saber como chegar até ele. Tínhamos braços, estendíamo-los na sua direcção, mas continuavam distantes.
 Irritamo-nos com a existência uns dos outros. Fazemos sinais de luzes àquele homem com setenta anos, num carro dos anos setenta, que anda a setenta quilómetros por hora na auto-estrada. Contrariados, esperamos por aquela pessoa que atravessa a passadeira, enchemos as bochechas de ar e sopramos. Impacientes, batemos no volante. Daí a minutos, depois de estacionarmos o carro, somos essa pessoa a atravessar a passadeira. Da mesma maneira, daqui a algum tempo, não muito, seremos esse homem com setenta, dos setenta, a setenta. O tempo passa. Se deitarmos lixo para o chão, alguém o apanhará.
 Um amigo que teve um AVC, que passou por uma reabilitação profunda, que enfrentou a morte e a paralisia, depois de anos de fisioterapia, depois de esforço gigante e sofrimento gigante, falou-me da forma como esse susto muda tudo. Passa-se a apreciar aquilo que realmente importa. A imensa maioria das preocupações transformam-se em luxos ridículos, desprezíveis, alimentados pela cegueira. Após essa experiência de quase morte, ganha-se uma nitidez invulgar, que, no entanto, esteve sempre lá. Para percebê-la, bastava levar a sério a promessa de transitoriedade de tudo e, também, levar a sério essa palavra, esse planeta: o amor. Ao ouvi-lo, fui capaz de entender aquilo que dizia. Depois, também fui capaz de entender quando me disse: mas, sabes, ao fim de algum tempo, esquecemo-nos, voltamos a tomar tudo por garantido e voltamos a cometer os mesmos erros.
 Repito para mim próprio: estamos tão perto uns dos outros. Não há nenhum motivo para acreditarmos que ganhamos se os outros perderem. Os outros não são outros porque levam muito daquilo que nos pertence e que só pode existir sendo levado por eles. Eles definem-nos tanto quanto nós os definimos a eles. Eles são nós. Eles somos nós. Se tivermos essa consciência, podemos usar todo o seu tamanho. Mesmo que pudéssemos existir sozinhos, de olhos fechados, com os ouvidos tapados, seríamos já bastante grandes, mas existe algo muito maior do que nós. Fazemos parte dessa imensidão. Somos essa imensidão que, vista daqui, parece infinita. 

José Luís Peixoto, in revista Visão (Dezembro 2011)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ai Weiwei considera Nobel de Mo Yan «intolerável»



A reacção – quase imediata: “Dar este prémio a um escritor que conscientemente se dissociou das lutas políticas da China de hoje? Acho que é quase intolerável”, disse ao PÚBLICO o artista plástico chinês Ai Weiwei quando, há minutos, atendeu o seu telefone em Pequim para um breve depoimento sobre a entrega do Nobel da Literatura a Mo Yan, anunciada esta manhã.
Mo Yan, que em 1995 optou por retirar de circulação o seu romance "Peito Grande, Ancas Largas" (ed. Ulisseia, 2007), censurado pelo regime, e que participou na cópia manuscrita do discurso em que Mao Zedong definiu os parâmetros a seguir na arte e literatura chinesas nas décadas seguintes, é visto pelos dissidentes como um autor alinhado, não independente. Entre esses dissidentes está Ai Weiwei.

Depois de ter estado preso vários meses no ano passado, Ai Weiwei está agora em liberdade, mas continua proibido de sair da China e, segundo disse ao PÚBLICO, não sabe ainda se poderá, no próximo ano, sair do país para estar na Bienal de Veneza, a mais antiga e importante bienal de arte do mundo, onde será representante oficial da Alemanha.

“Como separar um escritor de ser também um intelectual moderno, que respeite os valores universais de direitos humanos e liberdade de pensamento e expressão?” Estas “são qualidades inevitáveis de um bom escritor”, diz Ai Weiwei. Para concluir com duas palavras sobre o Nobel da Literatura de 2012: “Lamento muito.”

A nomeação, sublinha, “é, no mínimo, insensível”.
(Jornal Público de 11 de Outubro de 2012)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Rita Hayworth Is Stayin' Alive




Algum génio pegou uma espetacular música "Embalos do Sábado à Noite" dos Bee Gees e a encaixou em diversos filmes musicais - trechos - com Rita Hayworth, Fred Astaire, Gene Kelly e outros, dançando perfeitamente num ritmo alucinante.  Não dá para perder.  E a Rita lindíssima, lembrando seu personagem no filme GILDA de 1946 com Glen Ford faz jus ao slogan da saudosa época - "Nunca houve uma mulher como Gilda".
Uma montagem incrível de "Saturday night fever" dos Bee Gees! Obra Prima!

sábado, 6 de outubro de 2012

MAINTENANT JE SAIS - Jean Gabin



Quand j'étais gosse, haut comme trois pommes,
J'parlais bien fort pour être un homme
J'disais, JE SAIS, JE SAIS, JE SAIS, JE SAIS

C'était l'début, c'était l'printemps
Mais quand j'ai eu mes 18 ans
J'ai dit, JE SAIS, ça y est, cette fois JE SAIS

Et aujourd'hui, les jours où je m'retourne
J'regarde la terre où j'ai quand même fait les 100 pas
Et je n'sais toujours pas comment elle tourne !

Vers 25 ans, j'savais tout : l'amour, les roses, la vie, les sous
Tiens oui l'amour ! J'en avais fait tout le tour !

Et heureusement, comme les copains, j'avais pas mangé tout mon pain :
Au milieu de ma vie, j'ai encore appris.
C'que j'ai appris, ça tient en trois, quatre mots :

"Le jour où quelqu'un vous aime, il fait très beau,
j'peux pas mieux dire, il fait très beau !"

C'est encore ce qui m'étonne dans la vie,
Moi qui suis à l'automne de ma vie
On oublie tant de soirs de tristesse
Mais jamais un matin de tendresse !

Toute ma jeunesse, j'ai voulu dire JE SAIS
Seulement, plus je cherchais, et puis moins j'savais

Il y a 60 coups qui ont sonné à l'horloge
Je suis encore à ma fenêtre, je regarde, et j'm'interroge ?

Maintenant JE SAIS, JE SAIS QU'ON NE SAIT JAMAIS !

La vie, l'amour, l'argent, les amis et les roses
On ne sait jamais le bruit ni la couleur des choses
C'est tout c'que j'sais ! Mais ça, j'le SAIS… !

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Nenhum homem é uma ilha isolada.


"Nenhum homem é uma ILHA isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da TERRA; se um TORRÃO é arrastado para o MAR, a EUROPA fica diminuída  como se fosse um PROMONTÓRIO, como se fosse a CASA dos teus AMIGOS ou a TUA PRÓPRIA; a MORTE de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do GÉNERO HUMANO. E por isso não me perguntes por quem os sinos dobram; ele dobram por ti."
John Donne (poeta inglês do século XVI)

É assim que começa uma das maiores obras de Ernest Hemingway e da literatura universal: "Por quem os sinos dobram". Um best seller e uma das obras primas universais que agora me acompanha. Recomendo vivamente!...

Em 1937, Ernest Hemingway decidiu ir para Madrid, a fim de aí realizar algumas reportagens sobre a resistência do governo legítimo de Espanha ao avanço dos revoltosos fascistas. Três anos mais tarde, concluiria a elaboração do mais famoso romance sobre a guerra civil de Espanha.


Ernest Hemingway (ao centro) em plena guerra Civil Espanhola