A retrospetiva Ermanno Olmi conclui-se com a exibição de um conjunto de longas-metragens e duas sessões dedicadas às curtas iniciais que realiza no contexto da companhia Edisonvolta. Se o mundo do trabalho ocupa o centro dos primeiros filmes de Olmi, esta realidade mantém-se em grande parte das longas-metragens que invariavelmente abordam a realidade da sociedade italiana e as suas transformações. Uma das principais características do cinema de Olmi reside no modo como construiu a maioria da sua obra à margem do cinema comercial e das suas convenções narrativas, reinventando permanentemente as suas formas e modos de produção. Fortemente associado à tradição neorrealista, pela predominância de cenários naturais, por uma opção frequente por não-atores e pela atenção ao real, todos os seus filmes, sejam documentários ou ficções, revelam um olhar muito particular sobre o quotidiano. Este mês exibimos filmes tão diferentes como I RECUPERANTI, uma belíssima ficção que rima com IL TEMPO SI È FERMATO, IL MESTIERE DELLE ARMI, filme histórico que manifesta as mesmas preocupações que L’ALBERO DEGLI ZOCCOLI ao nível da reconstituição de um período específico da história e da vida italiana, ou IL VILLAGGIO DI CARTONE, o último filme de Olmi, que revela como o cineasta continua a renovar o seu universo, mas permanece fiel ao essencial do seu cinema (até ao final do mês de Maio).
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