Numa
sociedade cada vez mais apressada, a leitura nos transportes públicos é uma
forma de se aproveitar o tempo gasto nas deslocações entre casa e o trabalho.
E, pela comodidade, o comboio é onde mais se lê.
Falta
pouco para chegar a S. Pedro do Estoril, mais duas páginas talvez. Nesta
viagem, é Gabriel García Marquez — com Os Funerais da Mamã Grande —
que atenua os solavancos do comboio da Linha de Cascais e faz Palmira de
Almeida desligar-se da realidade.
Aos
67 anos, Palmira já perdeu a conta aos livros que leu. Começou com as histórias
das princesas numa vila de Angola colonial, onde não era fácil comprar livros.
Por influência dos irmãos, passou para a banda desenhada e, mais tarde,
deixou-se encantar pelos romances em fascículos. Em 1974, veio para Portugal,
onde trabalha como empregada doméstica, e trouxe o gosto da leitura para os
comboios.
Vive em Almada e até chegar a S. Pedro apanha três comboios e dois metros. Com o cabelo curto, as hastes dos óculos vermelhas e uma camisola branca, vai olhando para as flores da capa do livro enquanto fala. “Leio em todas as viagens. O meu trabalho é muito manual — sempre a limpar, a limpar — também preciso de exercitar o cérebro”, conta. “Aproveito as viagens porque em casa não tenho tempo. Chego tarde e vou logo dormir e aos fins-de-semana tomo conta dos meus netos”, acrescenta.
Vive em Almada e até chegar a S. Pedro apanha três comboios e dois metros. Com o cabelo curto, as hastes dos óculos vermelhas e uma camisola branca, vai olhando para as flores da capa do livro enquanto fala. “Leio em todas as viagens. O meu trabalho é muito manual — sempre a limpar, a limpar — também preciso de exercitar o cérebro”, conta. “Aproveito as viagens porque em casa não tenho tempo. Chego tarde e vou logo dormir e aos fins-de-semana tomo conta dos meus netos”, acrescenta.
Retirado
do jornal “Público” de 23.09.2012
Nota: Um hábito que também eu partilho...
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