terça-feira, 27 de maio de 2014

Feira do Livro de Lisboa começa a 29 de maio no Parque Eduardo VII.


Em 2014, a Feira do Livro em Lisboa vai ser como é habitual no Parque Eduardo VII e começa em Maio. A informação foi esta terça-feira enviada em comunicado às redacções pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).
O evento vai realizar-se de 29 de Maio a 15 de Junho e, como sempre, além da venda de livros irá ter uma programação para promover a leitura e o diálogo entre escritores e leitores.
Segundo o documento enviado pela APEL, este ano a feira volta a ter um horário alargado por forma a permitir aos visitantes mais tempo na “companhia dos livros”.
Assim, de segunda a quinta-feira, a Feira do Livro de Lisboa estará aberta desde as 12h30 até às 23h e à sexta-feira fica aberta até à meia-noite. Aos sábados e vésperas de feriado o evento funciona das 11h à meia-noite. Domingos e feriados começa também às 11h e termina às 23h.
No ano passado, a feira contou com 250 pavilhões e a APEL disse ao PÚBLICO que este ano espera ultrapassar esse número. As inscrições para a Feira do Livro de Lisboa começaram dia 24 de Fevereiro e estão abertas até dia 7 de Março. Já há 50 pavilhões reservados pelos editores (em apenas um dia de inscrições) e para a associação isso "faz prever [para este ano] uma forte adesão por parte dos editores e livreiros à Feira". 

A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros  já está a trabalhar com a Câmara Municipal do Porto e "estão a ser feitos todos os esforços" para devolver a Feira do Livro a esta cidade. O local ainda "está a ser equacionado", mas vai ser divulgado em breve aos associados da APEL. (Jornal Público)


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Livros são os que melhor aguentam a quebra do mercado de entretenimento.


A venda de livros em Portugal (excluíndo os manuais escolares) teve uma ligeira queda de 1% ao longo do ano passado, fechando 2013, segundo dados da analista GfK, com uma facturação de 147 milhões de euros. Feitas as contas também às descidas na música, filmes e videojogos, este foi o sector que menos se ressentiu.
Em tempo de crise, o valor do mercado português de entretenimento encolheu 12% em 2013. O ano anterior tinha sido pior, com uma retracção de 21%. A queda de 1% nos livros foi, de longe, a menor. Já o sector da música encolheu 13% (para perto de 17 milhões de euros) enquanto o dos filmes sofreu uma quebra de 15% (para cerca de 23 milhões). Os videojogos (o que inclui consolas, acessórios e jogos para várias plataformas, mas não as vendas online) acabaram o ano a valer menos 16%, mesmo com o lançamento da PlayStation 4, a mais recente consola doméstica da Sony, que domina o mercado português. As vendas totalizaram os 100 milhões de euros.
Os números mostram também que os livros conseguiram ganhar terreno nos gastos dos consumidores. O sector livreiro acabou o ano passado a representar uma fatia de 55% da facturação total daquelas quatro áreas de entretenimento. Em 2012, os livros já representavam mais de metade do mercado: tinham então uma parcela de 52% do total, uma subida face aos 47% de 2011. Este sector tem sido também marcado por um decréscimo do número de livros editados (foram 30 por dia em 2013, contra 57 em 2010) e das editoras (4000 no ano passado, menos 1200 do que em 2010). Os hiper e supermercados têm vindo a ganhar importância nas vendas de livros, embora paulatinamente. No ano passado, foi nestas superfícies que se fizeram  31% vendas. Há quatro anos, este valor era de 27%.
Já a dimensão do sector dos videojogos no mercado total tem estado em trajectória descendente. Representaram em 2013 um terço do mercado, abaixo dos 36% de 2012 e dos 41% de 2011. Por outro lado, ao longo destes anos, a parcela da música e a do vídeo no total do mercado mantiveram-se inalteradas, nos  5% e 7% do valor total das quatro áreas, apesar das quebras de facturação significativas.
Para este ano, a GfK estima um aumento das vendas de consolas, sobretudo da chamada oitava geração: a Wii U (lançada pela Nintendo em 2012 e cujas vendas estão muito aquém do esperado pela empresa), a PlayStation 4 (posta à venda no final do ano passado) e a Xbox One, da Microsoft, e que só este ano chegará a Portugal. As previsões da GfK apontam para um crescimento de 22% a 25% nas vendas deste tipo de aparelhos, mas antevêem um ligeiro decréscimo na venda de jogos.
Muita televisão, mais Internet
A televisão continua a ser o meio mais frequente de entretenimento em Portugal, mas a Internet tem o crescimento mais rápido. A indicação surge nos resultados de um inquérito da GfK a uma amostra de 1258 pessoas, representativa da população. Os números mostram que 98% dos inquiridos afirmaram ter visto televisão ao longo dos 12 meses anteriores (um ligeira subida de dois pontos percentuais face a um inquérito de 2008) e que 49% navegaram na Internet - mais 18 pontos percentuais.
O mesmo estudo aponta que um terço das pessoas lê livros (ligeiramente menos do que no questionário anterior) e 6% fazem-no em formato digital. Cinco horas é o tempo médio de leitura semanal.

No que diz respeito aos aparelhos, os smartphones e os tablets, protagonizaram, sem surpresas, as maiores subidas: uma em cada cinco pessoas afirmaram ter um smartphone e 14% disseram ter um tablet. (Jornal Público – 23.05.2014)

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O 25 de Abril e a Gata Borralheira no sapato que Portugal calça em Cannes.


A Caça Revoluções de Margarida Rêgo está na Quinzena dos Realizadores e Boa-Noite Cinderela de Carlos Conceição na Semana da Crítica
Filmes de época? Filmes para esta época. O que fazer com a memória e com o idealismo da revolução de 1974, pergunta Margarida Rêgo em A Caça Revoluções? Uma versão “carnal e materialista” da Gata Borralheira – materialismo de estirpe marxista – propõe Carlos Conceição com Boa-Noite Cinderela, uma Cinderela que faz pela vida no século XIX, época que para o realizador tem semelhanças com a actualidade portuguesa que não são mera coincidência.
São duas curtas-metragens portuguesas em Cannes 2014, 67ª edição, de 14 a 25 de Maio. A primeira está na Quinzena dos Realizadores, a segunda na Semana da Crítica. São duas secções paralelas de Cannes, não são abrangidas pelo Palmarés oficial, embora os filmes que ali passem possam ser atingidos por mísseis lançados por júris e prémios alternativos – a Semana da Crítica, aliás, a mais antiga das secções paralelas do festival, tem a sua própria competição, com um júri que no ano passado foi presidido pelo realizador português Miguel Gomes e que este ano é liderado pela britânica Andrea Arnold, cineasta muito da casa, onde já venceu o Prémio do Júri por duas vezes, em 2006 (Red Road) e em 2009 (Fish Tank).
Margarida Rêgo olha Portugal a partir do Royal College of Art de Londres onde estudou Design de Comunicação. A Caça Revoluções é um trabalho de mestrado. Com uma memória pessoal da revolução de Abril que foi construída, pela família e amigos, viveu as manifestações em Setembro de 2012 e pergunta-se o que fazer à nostalgia que sente, por um país e revolução idealizados, na sua geração - os que agora progridem na casa dos 20. (Quando se vir, no próximo DocLisboa, Metáfora ou a Tristeza Virada do Avesso, de Catarina Vasconcelos, outro trabalho de mestrado do Royal College of Art, é legítimo perguntar se avistamos gente à procura um país).
A nostalgia, e como ultrapassá-la. E como renovar as palavras, as músicas e o protesto. Sobre uma fotografia da época revolucionária e com sons em fundo,A Caça Revoluções “anima” marcas do tempo. Margarida Rêgo experimenta desenhos sobre imagens, inventando um diálogo entre uma memória rica mas cansada, que desistiu, e uma memória ávida de ser alimentada mas com dificuldade de se autonomizar da idealização do passado. Quando o filme foi exibido no IndieLisboa, dizia-nos a realizadora: “A revolução não terminou no 25 de Abril, temos de pensar que ela continua e que está sempre em mudança. Vamos estar sempre a fazer a revolução.” O filme propõe esse desassossego.
A Caça Revoluções é um encontro com o cinema, que para Margarida Rêgo, que descobriu que um filme pode engolir tudo, pode engolir o tempo, é neste momento campo de experiência artesanal. Sem compromisso fixo. A relação de Carlos Conceição, 35 anos, com os filmes é “clássica”. É um licenciado em cinema. Boa-Noite Cinderela é filme de época: século XIX, e o trio D. Luís, que como rei de Portugal seria O Bom, o seu escudeiro e uma criada que perde o sapato ao descer a escadaria do baile real.
D. Luís (João Cajuda), nestes tempos antes do casamento por procuração com D. Maria Pia de Sabóia, põe-se à procura do par. Sem ele sente que nada é. Mas quererá verdadeiramente encontrar um par ou satisfazer a sua pulsão de calçar saltos altos? E o romantismo da criada (Joana de Verona) é um disfarce de Gata Borralheira para um tenaz objectivo de mudar de vida, aí residindo a rivalidade com o escudeiro (David Cabecinha)? Nunca nada se quer estabilizado no território de cada personagem, sexualidade e condição social. Há desejo e há luta de classes. Há a nossa memória de um conto de fadas que é acrescentada, violentada – forma de ser fiel, no fim de contas, à “zona de pulsões e de perversão latente” no conto de fadas, como diz Carlos Conceição. E há a memória do realizador do imaginário marxista-leninista do país em que nasceu, Angola.
Há Marx, portanto, que também é um conto de fadas distante. E existe, surpreendente numa curta, a panache do guarda-roupa e dos movimentos de câmara. O que, tal como o filme faz a Marx e à Gata Borralheira, também implica memória e crença no classicismo (“Gosto de David Lean, gosto de Powell/Preessburger”). E consciência da impossibilidade, porque os meios de produção só permitem que o filme seja austero.

Carlos Conceição surpreendeu-se que tenha sido este filme a levá-lo a Cannes. À partida, nada nele, discorre, exibe os sinais de uma contemporaneidade que os festivais tornam tendência: o documentário ou a ficção do real, a confissão, o discurso na primeira pessoa... Mas Boa-Noite Cinderela está sempre a dizer que não é do século XIX que se trata. É a crise, é o desespero do tecido social, é “o desconhecimento total” dos privilegiados sobre os outros, é hoje. E a personagem Joana de Verona, se tivesse um filme que se colocasse inteiramente na sua perspectiva, podia ser a Jeanne Moreau/Celestine deDiário de uma Criada de Quarto, de Luis Buñuel/Octave Mirbeau, que olha assim o mundo de garras afiadas desejando o apocalipse: “Si infâmes que soient les canailles, ils ne le sont jamais autant que les honnêtes gens.” (Jornal Público – 14.05.2014)

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Uma Outra Voz.


O romance Uma Outra Voz, de Gabriela Ruivo Trindade, uma portuguesa residente em Londres, ganhou esta terça-feira o Prémio Leya, no valor de cem mil euros. Tal como acontecera com o vencedor da edição de 2011, João Ricardo Pedro, a autora, uma psicóloga de 43 anos, está neste momento desempregada.
Manuel Alegre, presidente do júri, depois de aberto o envelope onde está escrito o nome do concorrente, comunicou por telefone a Gabriela Trindade a notícia de que era vencedora do Prémio Leya. Nessa altura ficou a saber que ela nunca tinha escrito um romance e também nunca tinha publicado. “É um romance onde se cruzam histórias individuais com a história colectiva. É um romance onde se cruzam várias personagens e é também a história de uma cidade do Alentejo, Estremoz”, disse ao PÚBLICO o escritor.


sábado, 3 de maio de 2014

Secretaria de Estado da Cultura autoriza mudança de actividade do cinema Londres.


O Governo autorizou a mudança de actividade do antigo cinema Londres, em Lisboa, que está arrendado a chineses para ser transformado numa loja, disse à Lusa fonte do movimento de comerciantes do bairro onde se localiza o espaço.
Segundo a mesma fonte, que cita uma decisão oficial da secretaria de Estado da Cultura (SEC), foi dada autorização de afectação do recinto para "actividade de natureza distinta", ou seja o antigo cinema Londres poderá acolher outra actividade sem ser a exibição cinematográfica.
No entanto, alerta a SEC na decisão, "a desafectação assim decidida não implica necessariamente a subsequente alteração do uso do espaço, sendo que essa avaliação compete, nos termos legais, à Câmara Municipal de Lisboa".
O cinema Londres está encerrado desde 2013, depois da exibidora Socorama ter declarado falência, e os proprietários assinaram contrato com comerciantes chineses para a abertura de uma loja.
As obras de transformação foram iniciadas sem autorização (obrigatória por lei) de desafectação por parte do Governo e acabaram por ser suspensas em Fevereiro, aguardando resposta da tutela.
O caso suscitou polémica no final do ano passado, levando o movimento MaisLisboa a lançar uma petição pública – Salvem o Cinema Londres –, que chegou ao parlamento, propondo um modelo cooperativo, sem fins lucrativos, para gerir o espaço.
Em paralelo a esta petição, o movimento dos comerciantes da avenida Guerra Junqueiro, praça de Londres e avenida de Roma avançaram com uma outra petição – que foi aprovada por unanimidade pela assembleia municipal - propondo também um projecto cultural e comercial.
Na justificação para a desafectação do espaço, a tutela afirma que "até à data não foi encontrada qualquer solução que permita manter o recinto afecto à actividade cinematográfica nem houve a materialização de qualquer evidência ou sinal de investimento efectivo e demonstrado com base no modelo proposto".
A lei estipula que "a demolição de recintos de cinema ou a sua afectação a actividade de natureza diferente depende de autorização do membro do Governo responsável pela área da cultura".
Considerado uma das últimas salas em Lisboa a existir fora de centros comerciais, o cinema Londres foi inaugurado a 30 de Janeiro de 1972, com o filme Morrer de amar, de André Cayatte, tendo uma área com mais de mil metros quadrados, que incluiu uma vertente comercial, com restauração.

A agência Lusa tentou obter, há várias semanas, mas sem êxito, esclarecimentos junto da SEC sobre a situação dos antigos cinemas Londres, Quarteto e King, em Lisboa, todos encerrados. (Jornal Público – 03.05.2014)