A
venda de livros em Portugal (excluíndo os manuais escolares) teve uma ligeira
queda de 1% ao longo do ano passado, fechando 2013, segundo dados da analista
GfK, com uma facturação de 147 milhões de euros. Feitas as contas também às
descidas na música, filmes e videojogos, este foi o sector que menos se
ressentiu.
Em
tempo de crise, o valor do mercado português de entretenimento encolheu 12% em
2013. O ano anterior tinha sido pior, com uma retracção de 21%. A queda de 1%
nos livros foi, de longe, a menor. Já o sector da música encolheu 13% (para
perto de 17 milhões de euros) enquanto o dos filmes sofreu uma quebra de 15%
(para cerca de 23 milhões). Os videojogos (o que inclui consolas, acessórios e
jogos para várias plataformas, mas não as vendas online) acabaram o ano a valer
menos 16%, mesmo com o lançamento da PlayStation 4, a mais recente consola
doméstica da Sony, que domina o mercado português. As vendas totalizaram os 100
milhões de euros.
Os
números mostram também que os livros conseguiram ganhar terreno nos gastos dos
consumidores. O sector livreiro acabou o ano passado a representar uma fatia de
55% da facturação total daquelas quatro áreas de entretenimento. Em 2012, os
livros já representavam mais de metade do mercado: tinham então uma parcela de
52% do total, uma subida face aos 47% de 2011. Este sector tem sido também
marcado por um decréscimo do número de livros editados (foram 30 por dia em
2013, contra 57 em 2010) e das editoras (4000 no ano passado, menos 1200 do que
em 2010). Os hiper e supermercados têm vindo a ganhar importância nas vendas de
livros, embora paulatinamente. No ano passado, foi nestas superfícies que se
fizeram 31% vendas. Há quatro anos, este valor era de 27%.
Já
a dimensão do sector dos videojogos no mercado total tem estado em trajectória
descendente. Representaram em 2013 um terço do mercado, abaixo dos 36% de 2012
e dos 41% de 2011. Por outro lado, ao longo destes anos, a parcela da música e
a do vídeo no total do mercado mantiveram-se inalteradas, nos 5% e 7% do
valor total das quatro áreas, apesar das quebras de facturação significativas.
Para
este ano, a GfK estima um aumento das vendas de consolas, sobretudo da chamada
oitava geração: a Wii U (lançada pela Nintendo em 2012 e cujas vendas estão
muito aquém do esperado pela empresa), a PlayStation 4 (posta à venda no final
do ano passado) e a Xbox One, da Microsoft, e que só este ano chegará a
Portugal. As previsões da GfK apontam para um crescimento de 22% a 25% nas
vendas deste tipo de aparelhos, mas antevêem um ligeiro decréscimo na venda de
jogos.
Muita
televisão, mais Internet
A
televisão continua a ser o meio mais frequente de entretenimento em Portugal,
mas a Internet tem o crescimento mais rápido. A indicação surge nos resultados
de um inquérito da GfK a uma amostra de 1258 pessoas, representativa da
população. Os números mostram que 98% dos inquiridos afirmaram ter visto
televisão ao longo dos 12 meses anteriores (um ligeira subida de dois pontos
percentuais face a um inquérito de 2008) e que 49% navegaram na Internet - mais
18 pontos percentuais.
O
mesmo estudo aponta que um terço das pessoas lê livros (ligeiramente menos do
que no questionário anterior) e 6% fazem-no em formato digital. Cinco horas é o
tempo médio de leitura semanal.
No
que diz respeito aos aparelhos, os smartphones e os tablets,
protagonizaram, sem surpresas, as maiores subidas: uma em cada cinco pessoas
afirmaram ter um smartphone e 14% disseram ter um tablet.
(Jornal Público – 23.05.2014)
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