O
ator, dramaturgo e argumentista Francisco Nicholson morreu hoje, aos 77 anos,
em casa.
Francisco
António de Vasconcelos Nicholson começou a fazer teatro aos 14 anos, no antigo
Liceu Camões, sob a direcção do encenador e poeta António Manuel Couto Viana, a
convite do qual veio a pertencer ao Grupo da Mocidade, que integrou com Rui
Mendes, Morais e Castro, Catarina Avelar e Mário Pereira, entre outros.
Foi
autor e ator da primeira telenovela portuguesa Vila Faia, na qual contracenou
ao lado de atores como Nicolau Breyner, recentemente falecido, Margarida
Carpinteiro e Manuela Marle, entre outros.
Estudou
em Paris, frequentando a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional
Populaire, privando com grandes nomes do teatro francês, como Jean Vilar,
Georges Wilson, Gerard Philipe.
"Ficará
na história como um grande autor"
O
humorista e ator Herman José manifestou hoje uma "profunda admiração"
pelo trabalho realizado pelo seu "grande amigo" Francisco Nicholson.
"Era
uma pessoa de quem gostava especialmente, tivemos um encontro mágico em 1978,
numa peça dele com a Ivone Silva, e ficámos muito, muito amigos", lembrou
à agência Lusa Herman José, contando que eram vizinhos em Azeitão.
"Há
uma grande tristeza, mas ao mesmo tempo uma profunda admiração por ter
conseguido tanto em quase oito décadas de vida", disse, convicto de que
Francisco Nicholson "ficará na história como um grande autor, muito mais
do que ator".
O
humorista recordou também o "ótimo letrista de cantigas", que
escreveu "imensos êxitos musicais ligeiros", que ainda permanecem na
memória dos portugueses.
Uma
das melhores memórias que guarda do seu amigo é quando fez recentemente o
programa "Há tarde". "Já muito doente e com uma grande
dificuldade de locomoção nunca disse que não a um convite. Esteve sempre
presente quase como rindo-se das suas próprias incapacidades", lembrou.
Por
outro lado, foi "um sobrevivente" na doença: "Como é que um
duplo transplantado de fígado consegue viver até aos 77 anos? É uma coisa
histórica".
"Um
enorme lutador"
A
direção da Casa do Artista lamentou hoje a morte do ator Francisco Nicholson,
considerando que além de um grande homem do teatro, da televisão e das novelas
era "um grande ser humano e um enorme lutador".
A
assessora da direção da Casa do Artista lembrou que Francisco Nicholson foi um
"dos fundadores" da instituição, juntamente com Armando Cortez,
Manuela Maria, Raul Solnado.
Consternado
pela morte do amigo "de há muitos anos", Conceição Carvalho lembrou
que Francisco Nicholson foi "um enorme lutador e um homem de causas".
"O
Francisco era um grande homem de teatro, de telenovelas, de televisão. Era
um grande homem de cena", frisou.
Francisco
Nicholson encontrava-se doente devido a complicações resultantes de um
transplante hepático a que fora submetido há uns anos, referiu.
"Falei
com ele há duas semanas e ele encontrava-se bastante cansado. Estava a entregar
os pontos", disse.
O
autor de Vila Faia
O
ator e argumentista Tozé Martinho lembra que este "foi uma pessoa muito
importante na história das telenovelas" em Portugal.
"Foi
o autor da primeira novela (portuguesa) de grande impacto", disse à
agência Lusa Tozé Martinho, aludindo à telenovela "Vila Faia", em que
Francisco Nicholson, além de autor, desempenhou o papel de polícia, ao lado de
atores como Nicolau Breyner, recentemente falecido, Margarida Carpinteiro e
Manuela Marle, entre outros.
Tozé
Martinho disse ser "com desgosto e pena" que vê partir Francisco
Nicholson, "um grande amigo" e uma pessoa que "prezava
muito".
"Um
tipo fascinante"
O
jornalista e escritor Mário Zambujal considera que se perdeu um homem do teatro
que tinha uma capacidade "insubstituível".
"Era
uma pessoa rara, de uma grande educação, de um talento enorme, com muito
sentido de humor e muita graça", disse à Lusa Mário Zambujal.
Lamentando
a morte do ator e argumentista de quem era amigo, Mário Zambujal lembrou que
Francisco Nicholson era um homem "cheio de talento", que fez coisas
"muito interessantes também no teatro musical" e que era "muito
respeitado" por todos com quem trabalhou.
"Um
homem multifacetado e de muitos talentos"
O
ator e encenador Rui Mendes mostrou-se hoje consternado com a morte de
Francisco Nicholson, um homem "multifacetado, com muitos talentos" e
seu "grande amigo e companheiro de teatro" desde os bancos do Liceu
Camões, em Lisboa.
"Era
um homem multifacetado e tinha muitos talentos. Era um grande amigo, foi o meu
companheiro de teatro, desde sempre, desde os bancos do liceu. Andamos no Liceu
Camões, fomos companheiros de turma e foi aí que começamos a fazer
teatro", disse Rui Mendes, à agência Lusa, acrescentando que ambos se
estrearam no teatro profissional nos anos 50.
O
ator explicou que Francisco Nicholson estava doente há "bastantes
anos", mas que o seu estado de saúde se agravou nos últimos tempos.
"Considero
que o Francisco Nicholson deve ter sido das pessoas que melhores telenovelas
escreveram neste país durante uma certa época, pelo menos, as primeiras
novelas", sublinhou Rui Mendes.
"Grande
ator e escritor"
O
cantor António Calvário lamentou hoje a morte de Francisco Nicholson,
considerando-o um "grande ator e escritor" que se completava em tudo
o que fazia.
"Por
toda a convivência que tivemos, por tudo aquilo que foi como grande ator e
escritor, quase que não tenho palavras para descrever uma pessoa tão
completa", disse à agência Lusa o cantor, acrescentando que Francisco
Nicholson era "um grande amigo" e "um belíssimo
companheiro".
O
cantor destacou também que Francisco Nicholson foi o autor da canção Oração que
interpretou no primeiro festival da canção de 1964 e que obteve o primeiro
lugar.
"Uma canção que atravessa todos estes
tempos como um símbolo da primeira representação de Portugal na
Eurovisão", afirmou. (DN – 12.Abr.2016)