quinta-feira, 7 de abril de 2016

O amor, um apartamento e um cão.


Ruth e Alex, Richard Loncraine
É um daqueles filmes sobre os quais não há muito a dizer e, ainda assim, habita num crepúsculo de afabilidade. Não mexe com o espetador, mas a sua placidez tem qualquer coisa de genuíno, na representação de um casal junto há 40 anos no mesmo apartamento, em Brooklyn. O par, formado pelos respeitados veteranos Morgan Freeman e Diane Keaton (ela que já nos habituou à presença constante em comédias pouco relevantes), não representa mais do que isto mesmo: dois atores de justa química a oferecerem um retrato modesto da vida conjunta, numa relação de tantos anos.

O único enredo - muito ligeiro - que faz deter a câmara sobre este quotidiano morno é a iminência de uma mudança de casa, que coincide com uma ida do cão ao veterinário, e consequente operação. Coisas pequenas, singelas, sem brilho narrativo. Um fim de semana pontuado por alguma revisitação do passado, de recordações desse outro tempo de uma América segregadora, que lhes dificultou a união - como aquela que se vê em Adivinha Quem Vem Jantar (1967), com Sidney Poitier, que surge na memória como uma obra a que devemos regressar. (DN – 7 Abril 2016)


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