É
fotógrafo, está desempregado e foi obrigado a vender o seu material fotográfico
para fazer face às despesas. Chama-se Daniel Rodrigues e venceu o primeiro
prémio do World Press Photo, na categoria “Daily Life”.
A fotografia que
lhe garantiu o prémio foi tirada em Março de 2012, na aldeia de Dulombi, na
Guiné-Bissau. “As crianças estavam a jogar à bola e fui jogar com elas. Pelo
meio, fotografei-as. Gostei do resultado e fiz mais algumas fotografias
semelhantes”, afirma Daniel Rodrigues, ao P3.
O
fotógrafo esteve um mês na Guiné-Bissau, ao abrigo da missão humanitária Dulombi.
A iniciativa partiu do próprio, que contactou os responsáveis da missão. Para
além da vertente humanitária da iniciativa, que considera “muito compensadora,
pela possibilidade de ajudar quem precisa”, houve outro motivo forte que o
levou àquele destino.
“Sou
apaixonado por África e tinha o sonho de fotografar lá. Nunca tinha lá ido e
esta era uma boa oportunidade”, garante. A experiência foi tão positiva que já
está no horizonte nova viagem. No dia 7 de Março, regressa à Guiné, “a não ser
que tenha boas notícias e arranje trabalho”. Desta vez, irá "unicamente
para ajudar", uma vez que não dispõe de material fotográfico para registar
momentos da missão.
O
desemprego
Depois
de ter estado na Guiné, em Março de 2012, este grupo humanitário esteve retido
15 dias no Mali, uma vez que o aeroporto de Bamako havia sido tomado por um
grupo de militares. Foi mais uma oportunidade para Daniel Rodrigues tirar algumas
fotografias no continente africano.
A
dualidade, entre o drama do desemprego e o reconhecimento do World Press Photo,
desperta-lhe um sentimento: revolta.
“Há
muita gente com valor, em Portugal, que não tem trabalho. Talvez este prémio
possa ajudar a que essas pessoas sejam olhadas com outra atenção. Espero que
este prémio me ajude”, garante.
Daniel
Rodrigues tirou o curso de fotografia no Instituto Portugês de Fotografia em
2008. De seguida, estagiou no "Correio da Manhã", durante três meses,
e trabalhou na Global Imagens, até Setembro de 2012. (jornal Público - 16.02.2013)
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