sábado, 16 de fevereiro de 2013

Português que venceu o World Press Photo não tem máquina.


É fotógrafo, está desempregado e foi obrigado a vender o seu material fotográfico para fazer face às despesas. Chama-se Daniel Rodrigues e venceu o primeiro prémio do World Press Photo, na categoria “Daily Life”.
 A fotografia que lhe garantiu o prémio foi tirada em Março de 2012, na aldeia de Dulombi, na Guiné-Bissau. “As crianças estavam a jogar à bola e fui jogar com elas. Pelo meio, fotografei-as. Gostei do resultado e fiz mais algumas fotografias semelhantes”, afirma Daniel Rodrigues, ao P3.
 O fotógrafo esteve um mês na Guiné-Bissau, ao abrigo da missão humanitária Dulombi. A iniciativa partiu do próprio, que contactou os responsáveis da missão. Para além da vertente humanitária da iniciativa, que considera “muito compensadora, pela possibilidade de ajudar quem precisa”, houve outro motivo forte que o levou àquele destino.
“Sou apaixonado por África e tinha o sonho de fotografar lá. Nunca tinha lá ido e esta era uma boa oportunidade”, garante. A experiência foi tão positiva que já está no horizonte nova viagem. No dia 7 de Março, regressa à Guiné, “a não ser que tenha boas notícias e arranje trabalho”. Desta vez, irá "unicamente para ajudar", uma vez que não dispõe de material fotográfico para registar momentos da missão.
O desemprego
Depois de ter estado na Guiné, em Março de 2012, este grupo humanitário esteve retido 15 dias no Mali, uma vez que o aeroporto de Bamako havia sido tomado por um grupo de militares. Foi mais uma oportunidade para Daniel Rodrigues tirar algumas fotografias no continente africano.
A dualidade, entre o drama do desemprego e o reconhecimento do World Press Photo, desperta-lhe um sentimento: revolta.
“Há muita gente com valor, em Portugal, que não tem trabalho. Talvez este prémio possa ajudar a que essas pessoas sejam olhadas com outra atenção. Espero que este prémio me ajude”, garante.
Daniel Rodrigues tirou o curso de fotografia no Instituto Portugês de Fotografia em 2008. De seguida, estagiou no "Correio da Manhã", durante três meses, e trabalhou na Global Imagens, até Setembro de 2012. (jornal Público - 16.02.2013)


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