Director
admite que pode ser o "pré-fim" do festival. Mulher de Dorminsky é
uma das duas assalariadas que ficam na cooperativa.
A
direcção da Cooperativa Cinema Novo, responsável pelo festival de cinema
Fantasporto, avançou para um despedimento colectivo na tentativa de conseguir
“um mínimo de equilíbrio financeiro que permita a continuação da sua actividade”.
Mário
Dorminsky, da direcção, confirmou ao PÚBLICO o pré-aviso datado de 20 de Março,
adiantando que as cartas aos seis trabalhadores afectados foram enviadas na
segunda-feira. “Pode ser um pré-fim do Fantasporto mas fizemos isto para evitar
o pior, uma insolvência”, refere, desolado.
O
futuro do Fantasporto será jogado nos próximos meses. Depende agora (mais do
que nunca) de subsídios do Estado, de patrocínios e pode ainda passar pela
venda ou hipoteca de bens pertencentes à cooperativa. “Temos o fabuloso prédio
do ex-Cinema Jardim, na rua da Constituição, no Porto, à venda por 430 mil
euros mas não o conseguimos vender”, exemplifica, ao mesmo tempo que assegura o
“pagamento de todas as dívidas a credores”.
Para
já, a Cinema Novo contraiu um empréstimo para pagar as indemnizações às pessoas
despedidas. Para que a próxima edição do Fantasporto se realize é também
imprescindível o apoio do Estado que Dorminsky espera que seja assegurado “pelo
menos, nos valores atribuídos em 2012”, mantendo os 100 mil euros do Instituto
do Cinema e do Audiovisual. É preciso mais, reconhece. “Temos feito contactos
regulares com a secretaria de Estado da Cultura, ainda hoje enviámos mais uma
carta, e defendemos que o Fantasporto deve ser considerado um evento de
interesse público. Para a próxima edição até já temos um programa suportado
pelos 75 anos do Feiticeiro de Oz e com uma especial ligação à música.
Concorremos ao ICA e a concursos da União Europeia. Já contactámos mais de 500
empresas à procura de patrocínios. Já fiz coisas que nunca pensei fazer
colocando-me numa posição em que estive quase a mendigar apoios a amigos”, para
rematar: “Espero algum milagre”.
A
“dolorosa decisão” era inevitável. “Conseguimos aguentar o último ano a lutar
pelo equilíbrio”, diz, lembrando que em Março de 2012 chegou a ser proposto em
assembleia geral uma redução de 50% dos salários mas que acabou por ser
chumbada. Para uma imagem rápida da situação financeira, resume: “Há cinco anos
tínhamos um encaixe de um milhão de euros e despesas de 200 mil euros com
salários, em 2012 tivemos um encaixe de 300 mil euros e os mesmos 200 mil. Era
impossível continuar assim”.
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