sábado, 25 de maio de 2013

Rugas.




Título original: Arrugas
Género: Drama, Animação
Classificação: M/12
Outros dados: ESP, 2011, Cores, 89 min.
Links: Site Oficial
Emílio e Miguel são dois amigos a dividir quarto num lar de terceira idade. Quando são diagnosticados a Emílio os primeiros sintomas de Alzheimer, Miguel percebe que terá de encontrar uma maneira de impedir que o transfiram para o segundo andar da instituição, para onde, supostamente, são deslocados os casos sem solução. Assim, ao mesmo tempo que um se vai perdendo nos labirintos da memória, confundindo a realidade com criações da sua mente envelhecida, o outro arranja um plano infalível que provará a todos que, mesmo na velhice, a amizade é o bem mais precioso. 
Realizada por Ignacio Ferreras, um filme de animação que adapta a novela gráfica homónima criada por Paco Roca, premiada, em 2008, com o Prémio Nacional del Cómic. PÚBLICO
Emílio, ex-diretor bancário, tem alzheimer. O filho "despacha-o" para um lar de 3.ª idade. E é aí que conhece Miguel, ex boémio, que extorque às velhinhas endinheiradas, dinheiro por "serviços" que não passam de informações inúteis!...
"Arrugas" /"Rugas" é uma visão dos lares da 3º. Idade, onde os utentes são os que menos contam! Os "cliente" reais, são os filhos e o estado, que subsidia estas residências, com equipamentos absolutamente desnecessários - a piscina é um exemplo que o filme apresenta - apenas para "encher os olhos" aos que (ainda) os visitam!
Teve ante-estreia no cine fiesta e, saúda-se a dobragem para português.
Animação "séria" para adultos. Cinema híper realista da sociedade atual, onde os velhos são literalmente "depositados" em equipamentos (na sua maioria "generosamente" subsidiados pelo estado) dos quais, ninguém parece interessado em saber o que quer que seja. 
A história em si mesma, poderia mesmo não resultar num filme dito "normal" de ficção. No formato do "desenho animado", acaba por resultar muitíssimo bem, capaz de ombrear com "Chico & Rita" de Fernando Trueba ou com o "O Mágico" de Sylvain Chomet, igualmente, belíssimas obras de cinema de "animação" destinada a gente "muito" crescida, contrastando com a animação que vem de Hollywood. Vai haver muitos espetadores "perdidos" (ou enganados?!) a ver este filme...(****)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Viagem Ilustrada ao Passado - Linha de Cascais.



"Em cada estação havia um chefe....

Ele usava além da farda do ofício, e para despacho do comboio, duas bandeirolas e duas lanternas, uma vermelha e outra verde, que muito intrigavam as crianças. Mas o seu adorno principal era uma enorme campainha de cabo, uma campainha do tamanho de um sino pequeno, que empregava com ares de comando".

Quem diariamente, com olhar distraído, faz o percurso entre Cais do Sodré e Cascais, dificilmente imaginará o pitoresco e emoção de uma viagem, neste trajecto, feita pelos nossos avós, no século passado.
"A viagem era morosa, poeirenta, fatigante, sacudida de solavancos. Vestia-se às vezes um guarda-pó para ir a Cascais. Uma poeira grossa, encarvoada, entrava pelas janelas do comboio e metia-se sem pedir licença, nos olhos de cada um mas não alterava a alegria do passeio, nem a beleza da paisagem marítima, nem o encanto da serra de Sintra a coroar o horizonte terrestre".
A Linha, que então era apelidada de ramal, começou por ter o seu início em Pedrouços e não no Cais do Sodré, como viria a acontecer anos mais tarde. 

(Pedrouços)
(Cais do Sodré)
Vindo do lado da Baixa Pombalina, o alfacinha tomava um dos vapores da empresa Lisbonense  e rumava a Pedrouços, para aí fazer transbordo e seguir viagem em direcção a Cascais. A viagem de omnibus ou de "americano" além de morosa não era muito agradável, pois a estrada municipal que ligava Lisboa aos arredores, para além do Aterro (Santos), era poeirenta e esburacada, sendo o caneiro de Alcântara, mais um obstáculo para quem o quisesse  fazer  por via terrestre.

(Estação Vapores Lisbonense)

Iniciada a viagem, de costas voltadas para a Torre de Belém e para o Mosteiro dos Jerónimos, o comboio atravessava a Ribeira de Algés e parava nesta estação, que estrategicamente se situava na confluência da estrada de Carnaxide com a estrada Real.
(Algés)

Algés era então uma pequena aldeia, dos arredores de Lisboa cujo núcleo de casario se situava na sua parte alta.
Seguia então o comboio, em linha recta para o Dafundo, que tinha apenas um apeadeiro, que se situava junto ao aquário Vasco da Gama.
Cruz Quebrada, a próxima estação, está situada na margem direita da Ribeira do Jamor, tal como hoje, junto à pequena praia de banhos.

(Cruz Quebrada)

A linha segue depois junto ao sopé das colinas da Boa Viagem e da Gibalta, em terrenos conquistados ao rio. Os mais velhos quando aqui passam, ainda recordam o desabamento de terras, que em Agosto de 1958, provocou a morte a muitos passageiros que seguiam nessa altura no comboio.
Caxias, a próxima paragem, fica virada para o forte de S. Bruno. Aqui terminava a via dupla e a linha afasta-se um pouco do rio. 

(Caxias)

Dirigia-se depois a Paço d'Arcos, com a sua elegante praia de banhos. Passava por enormes pedreiras em Santo Amaro, que ainda não tinha estação, e, atravessava a Ribeira da Laje, pela maior ponte da linha, alcançando Oeiras. 

(Paço d' Arcos)

(Oeiras)

Carcavelos está à vista, e por entre pinheiros e vinhas (que davam o famoso Carcavelos) a linha continua dirigindo-se à Parede, cuja praia era, e ainda é, considerada como uma bênção da natureza para quem tem problemas de ossos, atravessando-a pelo meio da povoação. Passa-se a Baforeira e a linha flecte um pouco para o interior. Atinge-se os Estoris.

(Carcavelos)

(Parede)

No traçado original, apenas S. João do Estoril tinha estação de comboio. Só posteriormente foram construídas, além da do Estoril propriamente dita, a de S. Pedro e a do Monte.
S. Pedro do Estoril, que ainda nos anos vinte se chamava de Cai-Água , teve a sua estação de caminho de ferro, graças aos esforços de Nunes dos Santos, proprietário dos antigos Armazéns do Chiado, que ali tinha comprado uns terrenos e que ofereceu o espaço e o dinheiro necessários para a construção de um apeadeiro, certamente tendo em conta, a valorização dos terrenos de que era proprietário. 

(Estoril)

(Monte Estoril)

No troço entre os Estoris e Cascais, a linha volta a aproximar-se do Oceano, tendo também por companhia, o verde dos pinheiros do Estoril e o escarpado das terras do Monte.
Cascais,  vila piscatória, com os seus palacetes é o fim da viagem e da Linha.

(Cascais)

Inaugurada a 30 de Setembro de l889 e electrificada em 1926, a exploração de linha, começou com 18 carruagens de 1ª classe, igual número de 2ª classe, e, 30 de 3ª classe, custando a viagem entre os dois extremos, 480 réis 240 e 150 réis, respectivamente.
No primeiro ano, foram vendidos 615 592 bilhetes, sendo 14339 de 1ª classe, 285 564 de 2ª e, 315 689 de 3ª classe.
No período compreendido entre 1918 e 1976, a linha foi explorada pela Sociedade Estoril.
O traçado da linha, durante a sua centenária existência foi apenas modificado em pequenos troços, com vista a encurtar distâncias a suprimir passagens de nível ou ainda, aproxima-la do Tejo e do Atlântico.

Imagens de Postais comerciais e  de postais editados pela CP por ocasião do centenário de Linha de Cascais, da  colecção particular do autor.

Parágrafos  em itálico da autoria  de Branca Gota Colaço e Maria Archer (in  Memórias da Linha de Cascais ) 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

terça-feira, 7 de maio de 2013

Cacilheiro de Joana Vasconcelos já está a caminho de Veneza.



Foi este sábado, pela manhã, que o cacilheiro Trafaria Praia, transformado em obra de arte pela artista Joana Vasconcelos, partiu rumo a Veneza, para representar Portugal na bienal de arte deste ano.
Rebocado por um navio especial, o cacilheiro obra de arte tem como destino final os Giardini, zona nobre da exposição. O acontecimento teve direito a cerimónia especial, com um cacilheiro com amigos, convidados e jornalistas a acompanhar o Trafaria Praia no seu percurso inicial no rio Tejo. Apenas foi possível ver o exterior do barco, que está previsto que chegue a Veneza a 28 de Maio. O projecto da artista, em forma de pavilhão flutuante, com intervenção têxtil e painel de azulejos no interior, representando uma vista panorâmica de Lisboa, só será revelado na totalidade a 1 de Junho, quando abre ao público a bienal.
O projecto, com curadoria de Miguel Amado, é apoiado pela Direcção-Geral das Artes, pela Transtejo, que cedeu o cacilheiro, e por entidades privadas. Em declarações ao PÚBLICO, Joana Vasconcelos disse que o projecto ainda está em aberto em termos de financiamentos, referindo que se trata de uma iniciativa pioneira em muitas dimensões: “Mesmo com o esforço do Estado, que tem pouca verba, pode-se, com os privados, concluir projectos de grande escala em arte. Isso acontece internacionalmente, mas aqui não existe essa cultura. Espero que esta iniciativa seja exemplo para que outros não desistam de concretizar os seus projectos.”  
Esta manhã, a artista fez questão de se deslocar à localidade da Trafaria, onde foi recebida pela presidente da junta de freguesia local e por uma centena de habitantes. Entre os presentes estavam duas dezenas de manifestantes, envergando camisolas negras, em protesto contra a intenção do Governo, anunciada em Fevereiro, de construir um terminal de contentores na Trafaria. (jornal Público)

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Óbidos vai ser uma vila literária.



Abrir uma livraria por estes dias já parece arriscado. Agora imagine-se abrir várias numa pequena vila com pouco mais de 3000  habitantes, a 45 minutos de carro de Lisboa. A ideia começa a ganhar força esta terça-feira com a conversão de um Igreja em livraria. (Jornal Público – 02.05.2013)