Uma
reportagem de António Pedrosa sobre uma comunidade cigana do "bairro do
Iraque", na vila transmontana de Carrazeda de Ansiães, em
Trás-os-Montes, venceu o Prémio Hasselblad Masters 2014, promovido
pela marca sueca de máquinas fotográficas. O trabalho do português, que já em
2012 tinha vencido o Prémio de Fotojornalismo 2012 Estação Imagem/Mora, foi
premiado na categoria Editorial.
Em
Carrazeda de Ansiães, Bragança, há uma comunidade cigana que vive no
topo de um monte há uma dezena de anos, depois de ter sido expulsa docentro da
vila. Aos ciganos, António Pedrosa chamou-lhes "iraquianos" e começou
em Janeiro de 2011 a contar as suas histórias através de fotografias.
Entre
barracas de chapas de zinco e paredes riscadas, com poucas condições
e sem quaisquer privilégios, vivem mais de dez famílias ciganas em Carrazeda de
Ansiães. O bairro chama-se "Iraque", por estar situado numa antiga
mina, e o isolamento para o qual foram atirados é retratado nas imagens de
António Pedrosa, que agora foram premiadas na categoria Editorial, de um total
de 12 áreas como a Paisagem, o Retrato, a Arquitectura, a Vida Selvagem ou o
Subaquático.
O
Hasselblad Masters é um concurso internacional que acontece
a cada dois anos. A edição deste ano foi, segundo o comunicado do prémio, a
mais concorrida de sempre, tenho sido submetidas quase quatro mil candidaturas.
Em 2012, foram 2500. “O padrão esteve extraordinariamente elevado este ano, e
os vencedores de cada categoria podem estar verdadeiramente orgulhosos pelo que
conseguiram”, destacou no comunicado Paul Waterworth, porta-voz da Hasselblad.
Depois
de um processo inicial em que o público foi convidado a votar, os 12
vencedores, cujo
trabalho pode ser visto aqui, foram escolhidos por um júri constituído por
alguns dos antigos premiados e outros fotógrafos de renome como Steve McCurry
ou Gerry O'Leary.
Aos
vencedores será agora emprestado material da Hasselblad para que possam
desenvolver um novo trabalho que entrará no livro comemorativo do Hasselblad
Masters. Além disso, e do troféu que vão receber, todas as imagens premiadas
serão publicadas no site da Hasselblad e integrarão várias exposições em todo o
mundo.
Quando
em 2012, António
Pedrosa venceu o maior prémio de fotojornalismo em Portugal, o fotógrafo
contou ao PÚBLICO que o trabalho no "bairro do Iraque nunca está acabado.
"Não é um projecto que se esgote numa semana ou num período curto",
disse então o fotógrafo, explicando que a comunidade cigana nunca lhe foi estranha,
por ser natural de uma aldeia perto daquela vila. Hoje já é "da
casa". "Sempre que vou a Carrazeda, vou ao 'Iraque'", lembrou,
explicando que o projecto surgiu como uma espécie de fuga ao trabalho diário de
fotojornalismo.
O
júri do Prémio de Fotojornalismo 2012 Estação Imagem/Mora destacou na altura a
forma como as fotografias de António Pedrosa contam a história daquela
comunidade, “com forte dramatismo”, tornando-a “muito fácil de entender”. (Jornal
Público)
Sem comentários:
Enviar um comentário