Homem
de Ferro 3 foi o sucesso nos EUA, que sonha chegar aos 11 mil milhões de
dólares de receitas de bilheteira. Portugal perde espectadores mas tem uma Gaiola
Dourada.
s
bilheteiras dos EUA continuam a dar apenas um sinal: os blockbusters, com
a aliança entre o gigante dos comics Marvel e a Disney à cabeça, são
ainda o segredo do sucesso. E dos recordes. Pelo segundo ano consecutivo, um
super-filme Marvel foi o mais visto nos EUA — Homem de Ferro 3 sucede
aosVingadores e contribuiu para que as receitas do box office americano
cheguem aos 11 mil milhões de dólares. Em Portugal, o cenário é bem menos
optimista: perdeu-se mais de um milhão de espectadores e produziu-se muito,
muito pouco cinema.
Nos
EUA, ainda o grande exportador mundial de cinema para consumo de massas, as
expectativas são altas: até à meia-noite desta terça-feira, as previsões
citadas pela Variety indicam que se baterá então novo recorde de
receita de bilheteira, apesar de o número de espectadores não estar em
crescendo — o preço dos bilhetes é que está e a quantidade de pessoas que foi
ao cinema manteve-se em relação a 2012. E muitas foram mesmo ver osblockbusters e
seus derivados em franchise, ingredientes do modelo de negócio que alguns
temem vá vitimar a indústria norte-americana.
No
ano passado, ultrapassaram-se
os oito mil milhões de euros de receitas de bilheteira graças a Os
Vingadores, ao primeiro tomo de O Hobbit e à adaptação de Os
Miseráveis. Em 2013, espera-se que os números atinjam pela primeira vez os
11 mil milhões de dólares nos EUA (que ao câmbio actual acabam por ser
inferiores a 2012 em euros — 7,9 mil milhões). O filme que arrasou quarteirões
foi mesmo Homem de Ferro 3, com mais de 871 milhões de euros de receitas
em todo o mundo e o mais rentável do box office norte-americano. É um
sucesso fruto do que o analista do Guardian, Phil Hoad, chama a “abordagem de
fertilização cruzada” da Marvel, visto que Homem de Ferro é um dos Vingadores,
filão também explorado este ano nas salas com o segundo Thor.
No
que toca ao mercado mundial, as estimativas em termos de receitas brutas de
bilheteira são de 4 ou 5% de crescimento em relação a 2012, muito graças à
vitalidade do consumo na China, atenta ainda a Variety. Nos dez filmes
mais vistos na China este ano estão quatro blockbusters e/ou franchisesamericanos
(Homem de Ferro 3, Gravidade, Velocidade Furiosa 6, Batalha do
Pacífico) mas também seis filmes chineses, com Homem de Ferro 3 em
segundo lugar num mercado dominado em 2013 por Journey to the West:
Conquering the Demons, uma comédia de acção baseada no clássico da literatura
chinesa homónimo. De acordo com o Guardian, focado no número de
espectadores nas salas e não nas receitas de bilheteira, a China será o maior
mercado mundial de cinema em 2018.
A Gaiola portuguesa
Em Portugal, o francês A Gaiola Dourada, de Ruben Alves, é o filme mais visto do ano e o sétimo mais visto na última década nos cinemas portugueses. Foi o único título deste ano a entrar na lista dos 40 mais vistos entre 2004 e 2013, segundo dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) que contabilizam o período até 30 de Dezembro, com mais de 756 mil espectadores e 3,8 milhões de euros de receitas brutas de bilheteira. No topo desta lista estão o imbatível Avatar, de James Cameron, com 1,2 milhões de espectadores em 2009, seguido do musical Mamma Mia!, com 851 mil espectadores em 2008, e da animação Shrek O Terceiro, de 2007, com 824 mil bilhetes vendidos.
Em Portugal, o francês A Gaiola Dourada, de Ruben Alves, é o filme mais visto do ano e o sétimo mais visto na última década nos cinemas portugueses. Foi o único título deste ano a entrar na lista dos 40 mais vistos entre 2004 e 2013, segundo dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) que contabilizam o período até 30 de Dezembro, com mais de 756 mil espectadores e 3,8 milhões de euros de receitas brutas de bilheteira. No topo desta lista estão o imbatível Avatar, de James Cameron, com 1,2 milhões de espectadores em 2009, seguido do musical Mamma Mia!, com 851 mil espectadores em 2008, e da animação Shrek O Terceiro, de 2007, com 824 mil bilhetes vendidos.
O
ano de 2013 foi agitado — e não pelos melhores motivos — no cinema português. A
produção teve os seus resultados mais baixos na última década, com apenas 19
títulos produzidos — dos quais quatro longas-metragens de ficção, cinco longas
documentais e apenas duas curtas de animação. Em 2012, por exemplo,
produziram-se 39 títulos, já de si um valor baixo quando o resto da década
nunca caiu abaixo dos 48 filmes. Reflexos do ano
zero do cinema português, quando não abriram concursos para apoios públicos
ao sector, e talvez um prenúncio
do que pode ser 2014, porque 2013 foi um ano marcado pelo não pagamento da taxa
anual pelos operadores de TV por subscrição, que assim deixaram de fora das
contas de 2013 cerca de 11 milhões de euros que se destinariam em parte aos
apoios públicos à produção.
A
acentuada quebra nas bilheteiras, que pode ter tido em Dezembro e nas estreias
de Natal como O Hobbit: A
Desolação de Smaug ou na saga The
Hunger Games: Em Chamas salva-vidas de última hora, era até ao final
de Novembro de 11,7%. Ou seja, venderam-se menos 1,4 milhões de bilhetes e
perdeu-se quase um milhão e meio de espectadores nas salas nos primeiros 11
meses do ano. Em Janeiro, com as contas de 2013 fechadas pelo ICA, a lista
dos mais vistos e do número de espectadores deverá sofrer ainda algumas
alterações. Se A Gaiola Dourada parece imune a quaisquer
recém-chegados, seguida pelos 426 mil espectadores que foram ver Velocidade
Furiosa 6 ao cinema, Gru – O Maldisposto 2 e A Ressaca –
Parte III, em terceiro e quarto lugares até Novembro, já foram suplantados por Frozen
– O Reino do Gelo e pelo português 7 Pecados Rurais, ambos estreias
de Dezembro que até ao dia de Natal tinham já chamado às salas 297 mil e 259
mil pessoas, respectivamente. O segundo capítulo de O Hobbit foi
visto nas salas por 183 mil espectadores nas suas duas primeiras semanas de
exibição.
De
acordo com os números mais recentes do ICA, estrearam-se em Portugal, até dia
29, 20 longas-metragens de produção portuguesa — entre elas 7 Pecados
Rurais, de Nicolau Breyner, Comboio Nocturno para Lisboa, de Billie
August, e RPG, de Tino Navarro e David Rebordão, os três mais vistos da
listagem.
Durante
alguns meses, vários distritos e cidades ficaram sem oferta de cinema comercial
de estreia simultânea, o que pode ter influído em parte no comportamento do box
office português. Com o encerramento de 70 salas da portuguesa Socorama
por todo o país, reabrindo
54 delas pelas mãos do novo exibidor brasileiro Orient Cineplace, mais
algumas perdas de salas emblemáticas da capital (Londres, King, por exemplo) e
a abertura de dois
ecrãs low-cost no Saldanha Residence, o mercado
de exibição mudou de rosto. Continuando a ser dominado pela portuguesa Zon,
tem agora como segundo maior nome a Orient Cineplace, seguida pela UCI. (Jornal
Público)
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