Serviço
de TV por internet chega em outubro, a partir de 7,99 euros. Mais um operador
que irá pôr os outros players a emitir os conteúdos no PC, smartphone, tablet
ou smart TV.
A
chegada do NetFlix, em outubro deste ano, irá obrigar os players do mercado da
televisão a encontrar novas formas de distribuir os seus conteúdos. Esta é a
principal ideia defendida, ao DN/Dinheiro Vivo por vários responsáveis do
setor.
O
diretor de programação da RTP, Nuno Artur Silva, diz que a chegada deste
serviço de distribuição de conteúdos através da internet era
"inevitável". Mas "positiva, porque vai obrigar a uma maior
disponibilidade de conteúdos e diferentes formas de distribuição".
Isso
mesmo defende Nuno Santos, observador atento do mercado da televisão nos
artigos que publica ao domingo no DN, que diz que o NetFlix "obrigará
todos os players do mercado a acelerar a reflexão que estão a fazer sobre como
distribuir os conteúdos."
Para
o também diretor de conteúdos da Multichoice (maior plataforma de TV do
continente africano), "as novas plataformas são outro instrumento para as
televisões".
É
também a opinião de Luís Mergulhão, CEO do Omnicom Media Group, que aponta o
caso da Media Capital (que detém a TVI), que anunciou recentemente uma
plataforma online com a programação do último mês.
Este,
tal como outros operadores, já perceberam que "há muitos portugueses a
subscreverem conteúdos pagos pela internet, com acesso mais rápido, e que não
passam pelos canais aéreos ou de cabo", explica o CEO de um dos maiores
grupos de compra de espaço publicitário nos media.
Embora
não venha revolucionar o meio, o "NetFlix irá fazer que se perceba que Meo
e Nos não estão sozinhos neste meio, nem que têm o exclusivo dos conteúdos de
entretenimento", reforça o responsável.
Em
comunicado o NetFlix anuncia que, "a partir do outono, os utilizadores de
internet em Portugal vão poder fazer a assinatura da NetFlix e assistir a uma
ampla seleção de séries de TV e filmes em alta definição ou até mesmo em Ultra
HD 4K, em quase todos os ecrãs ligados à internet."
Daí
que Luís Mergulhão insista: "O NetFlix é mais um um operador numa oferta
cada vez maior", mas sem revoluções. Como a internet permite um acesso
rápido, este operador "vai acelerar os conteúdos pagos através de diversas
plataformas", remata.
Já
no caso do operador público RTP, o NetFlix vem lançar novos desafios. Para Nuno
Artur Silva, "uma coisa é disponibilizar conteúdos, outra é ter de
escolher programação". Por outro lado, irá fazer a divisão entre fluxo
televisivo e stock. "Antigamente tudo coexistia nos canais - séries,
filmes, even-tos -, hoje há cada vez mais uma separação", assinala o
diretor de programas da RTP.
O
NetFlix vai, aponta Artur Silva, "tornar obsoletas conversas como a
comparação de shares entre canais", além de "nos fazer pensar como
vão sobreviver os canais abertos, nomeadamente o posicionamento do canal
público". Mas o seu antecessor, Nuno Santos, indica uma pista: "A TV
free-to-air ainda é e será o grande polo de investimento publicitário, até
porque o NetFlix não tem um modelo baseado em publicidade." Isso mesmo
assume o NetFlix em comunicado: "Os assinantes podem ver, fazer pausas e
retomar as séries e os filmes, através de vários dispositivos, sempre sem
publicidade ou compromisso de permanência."
Ainda
que a marca seja "aspiracional" e que, "por norma, os
portugueses sejam muito recetivos a "inovações"", Nuno Santos
destaca que "o conteúdo é a chave, mesmo com um preço atrativo".
Em
França, o serviço-base do NetFlix custa 7,99 euros. Para dois ecrãs o custo é
de 8,99 euros e para quatro ecrãs em alta definição o preço é de 11,99 euros.
Isto
para conteúdos que incluem séries originais como o Demolidor da Marvel, Sense8,
Bloodline, Grace and Frankie, Unbreakable Kimmy Schmidt ou Marco Polo;
documentários como Virunga, Mission Blue ou Chef"s Table; bem como vários
especiais de stand-up comedy. A oferta NetFlix inclui também programação
infantil e filmes originais. E todos os programas serão legendados em
português.
"Este
é mais um passo para a "complexificação" de um mundo que já é
interessante", remata Nuno Artur Silva.
O
DN/Dinheiro Vivo tentou o contacto com o Meo, Nos e Vodafone, outros
concorrentes do Netflix, mas não obteve qualquer resposta até à hora de fecho
desta edição. (DN/Dinheiro Vivo)
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