Alguns
livros são intemporais, outros são oportunos. Um livro que seja as duas coisas
aos mesmo tempo é mais raro, mas depois das revelações de Edward Snowden, o
ex-assalariado da CIA que mostrou ao mundo como o governo americano espia toda
a gente – os seus próprios cidadãos, chefes de Estado, nações rivais e nações
cordiais –, as vendas de 1984, de George Orwell, dispararam na Amazon.
Publicado
em 1949, o clássico de Orwell é uma distopia sobre um Estado totalitário que
controla tudo e todos – não só as acções, mas também os pensamentos e os
desejos dos seus cidadãos. Para alguns, a realidade revelada por Snowden é
orwelliana; para outros, Orwell mal podia imaginar o estado a que as coisas
iriam chegar.
É
isso que escreve o editor do The Guardian Alan Rusbridger, um dos
jornalistas que teve acesso a Snowden e escreveu sobre as suas revelações em
primeira mão, no prefácio de uma nova edição ilustrada de 1984, publicada
pela inglesa Folio Society que, desde 1947, faz questão de fazer livros bonitos
com grande literatura (Ulisses de Joyce, O Monte dos Vendavais e
Shakespeare tiveram o mesmo tratamento visual).
A
edição conta com ilustrações de Jonathan Burton. A capa é o rosto inquietante
do Big Brother, olhando-nos onde quer que estejamos. (Jornal Público)
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