O
fosso entre os portugueses e as salas de cinema é cada vez maior – se 2013 já
fora o pior da década em termos de idas ao cinema, os dados relativos a 2014
mostram que num ano se perderam mais 400 mil espectadores. E recuando até 2004,
quando os cinemas venderam 17,1 milhões de entradas nas salas, constata-se que
desapareceram cinco milhões desses espectadores. No ano passado venderam-se
apenas 12,1 milhões de bilhetes.
O
ano passado tornou-se assim no pior dos últimos 11 anos com receitas de 62,7
milhões de euros – mais uma quebra, desta feita no valor de 2,8 milhões de
euros que já não entraram nas bilheteiras em
comparação com 2013. A alteração dos hábitos de consumo audiovisual, as
novas tecnologias, a pirataria, os preços dos bilhetes e a distribuição
geográfica das salas têm sido factores apontados para explicar este declínio.
O
Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) revelou esta sexta-feira os dados
provisórios da distribuição e exibição cinematográfica em Portugal sobre o ano
em que o filme mais visto foi The Hunger Games: A Revolta – Parte 1 (mais
de 344 mil espectadores, 1,8 milhões de euros de receitas brutas de
bilheteira), com Lucy em segundo lugar e a quebrar o domínio juvenil
ou de sequelas do top 5, seguido de Os Pinguins de Madagáscar, O
Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos e Rio 2.
Com Os
Maias – Cenas da Vida Romântica a confirmar-se como o filme português mais
visto (114.817 espectadores e cerca de 568 mil euros de receita de bilheteira),
seguido por Virados do Avesso e Os Gatos não Têm Vertigens, em
2014 produziram-se 27 filmes (13 longas e 14 curtas) com o apoio do ICA,
informa o organismo, que assinala “um ligeiro aumento em relação às obras
produzidas face ao ano anterior”. Mas que é parco em comparação com números que
ao longo dos últimos dez anos nunca desceram de uma média de 49 produções e que
já em 2013 resvalaram para as 23, na esteira do chamadoano
zero do cinema português, assim apelidado por não terem sido abertos
concursos de apoio à produção.
2014
foi também o ano em que a NOS (antiga ZON) continuou intocável na sua liderança
no mercado – embora tenha também perdido receitas (menos 7% para os 7,2 milhões
de euros), é o maior exibidor português com uma quota de mercado de 61,6%
contra os 63,2% de 2013. A britânica UCI é o segundo maior exibidor, reforçando
a sua posição com 12,3% do mercado contra 12,9% em 2014. A brasileira
Cineplace, que entrou no mercado
português depois da insolvência da
Socorama ocupando muitos dos espaçosexplorados
pela empresa portuguesa (como as salas em muitos shoppings da Sonae),
tem agora o terceiro lugar em Portugal com 8,7% de quota. (Jornal Público)
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