O
arquiteto americano Eric Moed está a ultimar um "minimuseu
temporário", em Cabanas de Viriato, que tem como objetivo homenagear
Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português que resgatou 30 mil pessoas do
Holocausto, entre os quais alguns familiares.
A
estrutura em acrílico, dividida em três partes, está a ser montada há cerca de
três semanas em Cabanas de Viriato, no concelho de Carregal do Sal, na entrada
principal daquela que foi a casa de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul
português em Bordéus durante a Segunda Guerra Mundial.
Eric
Moed é o autor do projeto, a inaugurar quinta-feira, que serve para prestar
homenagem ao diplomata português que salvou os seus avô e bisavó, passando-lhes
um visto que permitiu entrada em Portugal.
"Fiquei
a saber pelo meu avô que ele e o meu bisavô eram sobreviventes do Holocausto.
Há cerca de dois anos soube que Aristides de Sousa Mendes tinha assinado os
seus vistos que os livrou de morte certa e esta é uma homenagem que quero
prestar", revelou.
O
arquiteto norte-americano de 25 anos explicou que parte da verba para o
minimuseu temporário, intitulado "Work Towards Fairness" (trabalho
pela justiça), foi ganha num concurso da Unhate Foundation, patrocinado pela
Benetton.
"Ao
todo foram gastos cerca de 20 mil euros, para além da colaboração da Câmara de
Carregal do Sal e da Fundação Arístides Sousa Mendes", informou.
A
parte exterior dos três pavilhões está revestida com 30 mil assinaturas de
Aristides de Sousa Mendes, uma por cada visto que passou, com o intuito de
"mostrar que realmente é um número muito grande de pessoas a terem sido
salvas".
Nos
pavilhões laterais serão instaladas exposições sobre a vida de Aristides Sousa
Mendes e o contexto histórico em que viveu.
O
passaporte de David Moed, o avô de Eric Moed, onde figura o visto assinado por
Aristides de Sousa Mendes, está estampado num dos muitos painéis que serão
expostos.
No
pavilhão central serão colocadas centenas de fotografias a preto e branco de
sobreviventes da Segunda Guerra Mundial.
"Os
retratos, que a Felix Archict cedeu generosamente, pertencem a centenas de
pessoas salvas por Aristides, que não se farão acompanhar de nome nem outro
registo biográfico porque o cônsul salvava-as independentemente de quem
fossem", justificou.
Eric
Moed revela ainda que, para além da homenagem à figura de Aristides Sousa
Mendes, com este projeto espera sensibilizar as pessoas para a reconstrução da
Casa do Passal, que está em ruínas.
"Há
60 anos que nada se faz na casa do diplomata português. Já houve muitos
projetos e promessas, mas ficaria muito satisfeito em ver a Casa do Passal
requalificada", concluiu.
Sobreviventes
da II Guerra Mundial foram salvos graças ao cônsul de Portugal em Bordéus
chegam quinta-feira a Cabanas de Viriato, à casa que pertenceu ao diplomata.
Acompanhados
de familiares, os sobreviventes encontram-se a partir de hoje em Portugal para
uma visita de cinco dias que inclui passagens por Vilar Formoso, Guarda,
Belmonte, Figueira da Foz, Curia, Coimbra, Cabanas de Viriato, Caldas da
Felgueira e Tomar.
Na
quinta-feira à tarde, realiza-se uma cerimónia no cemitério de Cabanas de
Viriato e uma visita à igreja onde Aristides de Sousa Mendes se casou com a
primeira mulher, Angelina. Segue-se uma visita à casa de Aristides de Sousa
Mendes (conhecida por Casa do Passal).
A
comitiva iniciou no passado dia 09, em França, uma viagem que pretende
homenagear a memória de Aristides de Sousa Mendes, que salvou mais de 30 mil
pessoas aos passar-lhes vistos, desobedecendo às orientações que tinha recebido
do ditador Oliveira Salazar. (Notícias ao Minuto – 18.06.2013)
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