Começou a carreira quando a Nouvelle Vague anunciava uma nova era mas, ao contrário dos nomes que com ela emergiram, como Godard ou Truffaut, estava no coração da indústria cinematográfica. Começou pelos policiais, mas foi na comédia que encontrou o seu verdadeiro veículo expressivo, trabalhando com Louis de Funès em Oscar ou com Jacques Brel e Lino Venture emO Chato. O seu maior sucesso, a Gaiola das Malucas, estreou em 1978 e correria o mundo, chegando a ser nomeado para os Óscares. Edouard Molinaro, realizador reconhecido “pela precisão do seu trabalho, mas também pela sua grande modéstia”, como escreve a AFP, morreu este sábado, aos 85 anos, de insuficiência pulmonar.
Nascido
em Bordéus a 13 de Maio de 1928, Edouard Molinaro realizou o seu último filme
para cinema, Beaumarchais, l’insolent, em 1996. Desde então, dedicara-se à
televisão, meio para o qual dirigiu telefilmes ou episódios de séries. O seu
auge, porém, fora vivido nas décadas de 1960 e 1970, período em que, como
escreve em obituário a edição online de revista Les Inrockuptibles,
referindo-se a duas bem-sucedidas colaborações com o comediante francês Louis
de Funès, Oscar(1967) e O Avôzinho Congelado(1969), se afirma o seu
“gosto e competência para converter em campeões de bilheteira os sucessos do théàtre
de boulevard”. Maior exemplo disso terá sido a supracitada A Gaiola das
Malucas, adaptação de uma peça de Jean Poiret (O Chato, estreado em 1973,
nasceu por sua vez de uma peça de 1971 de Francis Veber).
Neste
período, Edouard Molinaro filma alguns dos jovens nomes emblemáticos do cinema
francês do seu tempo, de Jean-Claude Brialy, Françoise Dórleac e Jean-Pierre
Cassel (em Arsène Lupin Contre Arsène Lupin, de 1962) a Brigitte Bardot (As
Malícias do Amor, de 1964, também com Anthony Perkins) e a Jean-Paul Belmondo e
Catherine Deneuve (Caça ao Homem, igualmente estreado em 1964). Desses actores,
aponta ainda o Les Inrockuptibles, aproveitou para os seus filmes “o fogo e a
vitalidade pop dos anos 1960”.
No
final da década seguinte, chegaria o filme, protagonizado por Michel Serrault e
Ugo Tognazzi, pelo qual é mais recordado. A Gaiola das Malucas daria
origem a duas sequelas (apenas a primeira foi realizada por Molinaro) e uma
adaptação americana em 1996. Na década de 1980, a televisão começa a ganhar um
espaço cada vez maior no seu percurso. Dedicar-se-ia a ela em exclusivo,
adaptando obras de Stefan Zweig, Henry James ou Balzac, depois de abandonar o
cinema pela porta grande:Beaumarchais, L’insolent, filme biográfico dedicado ao
dramaturgo, espião, inventor e mil coisas mais Pierre Beaumarchais, homem de
vida preenchida, revolucionário em França e revolucionário além-mar, enquanto
activo apoiante da luta pela independência dos Estados Unidos, levou dois
milhões de franceses às salas em 1996.
O
seu último telefilme, Une famille pas comme les autres, foi exibido em
2005. (Jornal Público – 07.12.2013)
Sem comentários:
Enviar um comentário